Episódio PRECONCEITO

Episódio AUTORIDADE

Episódio SEXO

Episódio EDUCAÇÃO

SINOPSE

“Por que a gente é assim?” quer indagar sobre os valores que norteiam as escolhas cotidianas dos brasileiros.

Mais que discutir, concordar ou discordar, quer contar. E, a partir daí, estimular a reflexão.

“Por que a gente é assim?” nasce da nossa convicção de que as profundas – e positivas – mudanças sociais ocorridas no Brasil nos últimos 20 anos devem nos conduzir a uma reconsideração de nossos valores éticos, mais no campo da política da vida cotidiana do que no da grande política partidária. O resultado dessa pausa para reflexão indicará a nação que queremos ser Século XXI adentro.

Afinado com os tempos, “Por que a gente é assim?” é um projeto transmídia, que abre frentes na TV, na internet e no mundo físico, articuladas em torno de seis temas cruciais:
Educação, Autoridade, Fé, Preconceito, Sexo e Consumo.

Queremos mostrar como conceitos e valores que formamos, escolhemos e trocamos atravessam todas as nossas decisões cotidianas. Como encaramos a escola? Realmente a valorizamos? Como reagimos ao poder e ao preconceito? Como a fé nos ajuda a seguir? Ou será que não ajuda?

Não pretendemos responder, mas mostrar as respostas que já estão aí e discuti-las, estimulando uma reflexão coletiva.

Coletivo, aliás, é uma palavra-chave no projeto.

na tv

Seis programas de 26 minutos cada, contendo curtas documentais realizados por produtores de cinema e vídeo de todo o Brasil, espelhando a diversidade regional e trazendo situações filmadas de perto por quem gosta de contar histórias de gente.

na web

O site é um fórum permanente e interativo para discutir as opções morais do dia a dia do brasileiro.

Com matérias, textos de blogueiros de diversos pontos do país, artigos de colunistas convidados e integração com redes sociais, queremos, mais que informar, provocar você a dar sua opinião e contar sua história – ser um rosto e uma voz nesse mosaico chamado Brasil.

na rua

Pensar sobre os valores que definem o brasileiro é importante, mas é preciso que essa discussão chegue ao mundo concreto. “Por Que A Gente É Assim?” também se desdobra em debates e apresentações de teatro de rua.

Três companhias de teatro farão apresentações em suas regiões, trazendo à luz os aspectos mais significativos de nossos hábitos sociais e levando as plateias a refletirem in loco sobre os princípios que regem seu dia a dia.

NOTA DO DIRETOR

Publicado em 21.07.2011 – O Globo / Opinião

Quem nunca questionou por que algumas pessoas pensam e agem de certa forma, geralmente em momentos de total oposição aos nossos pensamentos e certezas? A questão é que essa pergunta é sempre feita em relação ao outro, àquele que não é igual a nós. Mas e quando a pergunta é direcionada para o próprio umbigo: por que a gente é assim?

Há dois anos, junto com o escritor Arthur Dapieve e as equipes das produtoras Matizar e Novenove, vivo a aventura de pensar e produzir o projeto transmídia “Por que a gente é assim?”, uma tentativa tão ousada quanto exaustiva de mapear os comportamentos e os valores dos brasileiros hoje.

Nosso ponto de partida conceitual foram conversas com professores e pensadores brasileiros em atividade hoje. Entre a bibliografia estudada estava o revelador livro “A cabeça do brasileiro”, de Alberto Carlos Almeida. E, para nos ajudar nessa navegação teórica, tantas vezes árida e abstrata, estabelecemos um conselho multidisciplinar com Regina Novaes, Jailson de Souza, Luciana Bezerra, Mozart Vitor Serra e Camila Pitanga.

Nossa proposta, a partir desse liquidificador de ideias, foi ter três frentes de comunicação: mídia digital, televisão e teatro de rua — todos desenvolvidos num processo de criação colaborativa. No site do projeto e no Facebook, reunimos artigos e imagens de blogueiros e fotógrafos convidados a refletir sobre os temas Sexo, Autoridade, Fé, Preconceito, Consumo e Educação. Neste mês está no ar no Canal Futura a série de quatro programas onde reunimos debates, cenas de teatro de rua e curtas-metragens desenvolvidos em conjunto com diretores de todo o Brasil.

Fomos então para as ruas fazer estas perguntas de forma indireta — no lugar do proselitismo, a ideia foi instigar. Em cidades de Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará, os grupos de teatro Timbre de Galo, Bagaceira e Artetude estarão até o fim do ano encenando peças que, mostrando cenas cotidianas, tentam provocar o público. Enfim, uma grande bagunça midiática para esta discussão.

Mas afinal, por que a gente é assim? Para onde queremos ir com este Brasil? Quais legados queremos deixar como sociedade? Em alguns países, como os Estados Unidos, esta discussão está mais articulada. É fácil reconhecer o individualismo, a meritocracia ou o republicanismo como valores que norteiam seu povo, e formam o espírito do país. Da mesma maneira, do outro lado do Atlântico, a França tem a exceção cultural, as diferenças e orgulhos regionais, a agricultura (e seu subsídio) e a gastronomia.

Por aqui, talvez o único valor cristalizado nos últimos 50 anos (com orgulho ou desprezo) seja o “jeitinho brasileiro”, a tal malandragem que resolve tudo — não sem consequências. No entanto, é evidente que este Brasil está mudando — e em alguns aspectos, vertiginosamente.

Nos últimos 18 anos, desde o seminal ajuste fiscal de 1993 no governo Itamar Franco — início do Plano Real —, o Brasil se institucionalizou e mostrou que boa regulamentação é possível, além de absolutamente necessária. Hoje, a implantação das UPPs no Rio é uma parte evidente e concreta disso.

Muito tem se falado — e o assunto é de extremo interesse e relevância — sobre a mudança demográfica que vivemos hoje com um novo paradigma: nos tornamos um país majoritariamente de classe média. Mas o que quer e como se comporta esta classe média? Com mais gente e mais consumo, como vamos solucionar os desafios de vivermos juntos nas grandes cidades? Daremos, de fato, importância à inclusão via educação pública, ou manteremos um regime de “reserva de mercado” ao deixarmos grande parte da população alijada de educação de qualidade? Continuaremos fingindo que as pessoas não são discriminadas por conta da sua classe social, da sua origem geográfica e da cor de sua pele?

Enfim, algumas perguntas que devemos nos fazer ao tentarmos trazer para o presente o país do futuro que acreditamos merecer. O que queremos de nós? Indagações urgentes, como um rock do Barão Vermelho.